Brasília testemunhou um encontro histórico no dia 9 de fevereiro de 2025, reunindo três lideranças indígenas do Brasil: o Cacique Álvaro Tukano, o Cacique Raoni Metuktire e Jecinaldo Sateré, da etnia Sateré-Mawé, originário do Rio Andirá, em Barreirinha. O breve momento, registrado e compartilhado por Jecinaldo nas redes sociais, veio acompanhado de uma frase emblemática: “A luta precisa continuar”.
Mais do que uma legenda, essa afirmação carrega o peso de séculos de resistência dos povos originários e reflete a urgência de um Brasil que ainda não fez justiça aos seus primeiros habitantes.
O Legado e a Importância de Cada Líder Indígena
Cada um dos três líderes trilhou um caminho diferente, mas todos convergem para um mesmo propósito: a defesa dos povos indígenas e da Amazônia.
Álvaro Tukano: A Luta Contra o Apagamento Cultural

Nascido na Aldeia São Francisco, em São Gabriel da Cachoeira, no Alto Rio Negro, Amazonas, Álvaro Tukano tem 71 anos de idade, viu sua aldeia ser extinta pelo avanço da sociedade não indígena. Mas se sua terra foi apagada do mapa, seu povo não foi silenciado.
Ele se tornou um dos articuladores da União das Nações Indígenas (UNI) e foi diretor do Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília, reafirmando a importância da preservação da memória e da cultura indígena.
Raoni Metuktire: O Embaixador da Amazônia e Sua Homenagem em Parintins
Raoni Metuktire, tem 92 anos de idade, da etnia Kayapó, é um dos mais respeitados líderes indígenas do mundo. Desde os anos 1980, quando viajou ao lado do músico Sting, Raoni tem sido um defensor incansável da preservação da floresta amazônica e dos direitos dos povos originários.
Tamanho é seu impacto que sua trajetória ultrapassou as fronteiras políticas e alcançou a cultura popular.
Em 2023, o Festival de Parintins prestou uma emocionante homenagem ao cacique Raoni Metuktire. O Boi Garantido incorporou sua figura no ritual indígena apresentado na arena do Bumbódromo, reforçando a relevância da luta dos povos originários para o Brasil e para o mundo.

Jecinaldo Sateré: A Nova Geração da Resistência
Enquanto Álvaro resiste nas instituições e Raoni denuncia ao mundo, Jecinaldo Sateré representa a nova geração de lideranças indígenas que luta dentro do sistema político brasileiro. Ex-coordenador da COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), ele atualmente integra o Ministério dos Povos Indígenas, sendo peça-chave na construção de políticas públicas para os povos originários. Assim como p ex-prefeito de Barreirinha, o indígena Mecias Batista Sateré, da qual Jecinaldo foi secretário.
A sua mensagem ao compartilhar o encontro com Raoni e Álvaro reflete esse novo momento: a resistência não está apenas nas aldeias, mas também nos gabinetes, nas redes sociais e nas decisões políticas.
Um Encontro Que Vai Além da Fotografia
Este encontro registrado nas redes sociais não foi apenas uma imagem para a internet, mas um marco simbólico.
Em um país onde as terras indígenas seguem ameaçadas, onde aldeias como a de Álvaro Tukano desaparecem, onde líderes como Raoni precisam recorrer ao exterior para garantir visibilidade, e onde jovens como Jecinaldo lutam para ocupar espaços dentro do governo, a frase “A luta precisa continuar” ganha ainda mais força.
Enquanto houver ameaça, resistência existirá. E se depender desses três guerreiros, essa luta nunca cessará.
Texto: Hudson Lima
DRT 001658-AM
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