O diretor Carl Rinsch foi preso na terça-feira (19/3), nos Estados Unidos, acusado de fraude, após utilizar US$ 11 milhões (R$ 62 milhões) da Netflix para investir em criptomoedas, no mercado de ações e em artigos de luxo, como relógios e carros esportivos. O valor destinado pela gigante do streaming era para a produção de uma série de ficção científica intitulada “Conquest”. O elenco teria nomes como Bruna Marquezine e Keanu Reeves.
Rinsch responde pelos crimes de fraude eletrônica e lavagem de dinheiro. Segundo os promotores, o diretor tinha um “esquema para fraudar a gigante do streaming”.
O promotor Matthew Podolsky disse ao Washington Posy que Rinsch “orquestrou um esquema para roubar milhões de dólares, solicitando um grande investimento de um serviço de streaming” e que o dinheiro seria usado para produzir uma série de televisão que nunca existiu. “A prisão de Rinsch é um lembrete que a promotoria e os nossos parceiros do FBI continuam vigilantes na luta contra a fraude”, afirmou.
Segundo a acusação, a Netflix pagou cerca de US$ 44 milhões (quase R$ 250 milhões) para comprar a série ainda inacabada. Mas a empresa desembolsou mais US$ 11 milhões depois que ele disse que precisava do dinheiro adicional para concluir o trabalho.
No entanto, em vez de usar a cifra extra para encerrar a produção, ele transferiu o dinheiro para outra conta, fazendo investimentos fracassados. Em dois meses, ele perdeu metade do valor total.
Foi então que o diretor resolveu investir o resto do dinheiro em criptomoedas. Isso fez com que Rinsch lucrasse um bom valor. A partir daí, ele gastou cerca de US$ 10 milhões em despesas pessoais e itens de luxo; mais US$ 1,8 milhão em contas de cartão de crédito; US$ 1 milhão em advogados para processar a Netflix para conseguir mais dinheiro; US$ 3,8 milhões em móveis e antiguidades; US$ 2,4 milhões em cinco Rolls-Royces e uma Ferrari; e US$ 652.000 em relógios e roupas.
“Conquest” foi cancelada em 2023, devido ao “comportamento errático” do diretor e do desvio do dinheiro. Segundo o New York Times, a Netflix perdeu os U$ 55 milhões investidos. No entanto, a acusação aborda apenas os U$ 11 milhões.
Uma reportagem da “Variety” disse que a série previa gravações em diversos locais, incluindo Quênia, México, Romênia, Berlim, Hungria e Uruguai. Rinsch gravou algumas cenas no Brasil, e rapidamente estourou o orçamento, de acordo com a acusação.
O cineasta prometeu entregar sete episódios da série, mas depois informou que só conseguiria finalizar um capítulo com o dinheiro que recebeu.
Rinsch foi preso na Califórnia e participou de uma audiência na terça-feira. Ele não deu declarações e apenas respondeu às perguntas do juiz. A justiça decidiu que o diretor fosse solto no mesmo dia, depois que ele pagasse uma fiança de US$ 100 mil (R$ 566 mil). O caso vai ser processado no tribunal de Nova York, ainda sem data definida.
A advogada do cineasta, Annie Carney, não concedeu entrevistas sobre o caso. A Netflix também não se pronunciou.
Por Estado de Minas