Taillon, miliciano que teria sido confundido com médico, foi solto em setembro e morava na orla da Barra, perto do crime

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Filho de miliciano, conhecido como Taillon (à esquerda), seria o alvo e teria sido confundido com o médico Perseu (à direita) — Foto: Reprodução
Filho de miliciano, conhecido como Taillon (à esquerda), seria o alvo e teria sido confundido com o médico Perseu (à direita) — Foto: Reprodução

Um grupo de traficantes de drogas que disputam o controle de comunidades de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, com milicianos de Rio das Pedras, é apontado como principal suspeito de executar médicos na orla da Barra da Tijuca, na madrugada desta quinta-feira (5).

O alvo seria Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, miliciano que pode ter sido confundido com um dos médicos executados na orla da Barra da Tijuca. Taillon acabou de ganhar liberdade, segundo apurou a GloboNews.

O criminoso foi preso em dezembro de 2020, numa operação do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio. Em março deste ano, foi colocado em prisão domiciliar pela Vara de Execuções Penais e, em setembro, conseguiu liberdade condicional.

A principal linha de investigação do ataque a tiros é que os quatro médicos foram baleados por engano – três morreram e um está hospitalizado. Taillon, miliciano da região de Jacarepaguá que se parece com uma das vítimas, o médico Perseu Ribeiro Almeida.

O endereço de Taillon é justamente na Avenida Lucio Costa, a mesma do quiosque onde ocorreu o crime. A polícia investiga se uma pessoa viu o grupo sentado e informou aos assassinos.

Na imagem da câmera de segurança, é possível ver um dos atiradores voltando para conferir o Perseu, já baleado.

Os principais suspeitos de terem praticado o crime são os traficantes Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, conhecido como BMW, e Philip Motta Pereira, vulgo Lesk ou CR7.

Lesk foi o responsável por chefiar a invasão de traficantes e tomada do controle da comunidade da Gardênia Azul, em Jacarepaguá. Já BMW é homem de confiança de Lesk. O criminoso estaria por trás da empreitada criminosa.

De acordo com investigações, Lesk era miliciano e trocou de lado passando a integrar o Comando Vermelho sendo abrigado por criminosos do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio.

Filho de chefe da milícia

Taillon é filho de Dalmir Pereira Barbosa, apontado como um dos principais chefes de uma milícia que atua na Zona Oeste.

Dalmir é ex-policial militar, expulso da corporação, e citado na CPI das Milícias em 2008 como um dos líderes de Rio das Pedras. Também é conhecido como “Barriga”.

Dalmir foi denunciado pelo MPRJ em 2009 por integrar a milícia e, em 2020, com outras 44 pessoas envolvidas com a organização criminosa miliciana que domina a região de Rio das Pedras e adjacências.

As investigações tratam do domínio do criminoso sobre a comunidade na exploração de serviços como transporte alternativo, venda ilegal de gás e internet e serviços de “segurança”.

Aparente falta de planejamento

Os investigadores também acreditam que o crime não teve um planejamento prévio, e que os criminosos receberam uma informação dando a localização da suposta vítima, e decidiram partir para a empreitada na mesma hora.

Isso explicaria, segundo fontes ouvidas pela TV Globo, um dos assassinos estar vestindo bermuda, traje incomum em casos de execuções feitas com planejamento. Os outros criminosos estavam com camisas e calças escuras, mas não cobriram os rostos.

O Departamento de Homicídios da Polícia Civil mobilizou equipes para a investigação. Um dos objetivos é refazer o trajeto do veículo usado no crime.

Outras linhas de investigação, no entanto, ainda não estão descartadas. A Polícia Civil do RJ acredita que houve uma execução, já que nada foi levado, e os criminosos chegaram atirando. Testemunhas contaram ainda que os bandidos nada falaram.

Por Marcelo Gomes, Leslie Leitão, Felipe Freire, Marco Antonio Martins, GloboNews, TV Globo e G1 Rio

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