Não era certeza que Scott McTominay ficaria para a temporada. O West Ham tentou contratá-lo, e o Manchester United nem era contra vendê-lo por uma boa proposta. Não deu negócio e ele permaneceu, com uma concorrência mais forte após a chegada de Sofyan Amrabat. Esse contexto aumenta a improbabilidade do que aconteceu neste sábado em Old Trafford.
O volante escocês entrou aos 42 minutos do segundo tempo e marcou os dois gols da vitória de virada por 2 a 1 sobre o Brentford, aos 48 e aos 52.
O Fergie Time – como ficaram conhecidas as reviravoltas em casa na era Alex Ferguson porque os adversários reclamavam de longos acréscimos – versão Ten Hag evitou que o Manchester United perdesse três vezes seguidas em casa na liga inglesa pela primeira vez desde o fim da década de setenta. Foi um alívio gigantesco e essencial à pressão em um começo de temporada dos mais complicados. O torcedor espera que seja o começo de uma guinada.
Foi até simbólico que tenha sido contra o Brentford que, no começo da última temporada, aplicou uma goleada implacável que levou o técnico a obrigar os jogadores a correrem 14 kms no dia seguinte para compensar a distância que haviam percorrido a menos que os adversários. As Abelhas por pouco não causaram mais danos ao projeto de Ten Hag. Mas, desta vez, McTominay não permitiu.
Casemiro falha e é substituído
Casemiro é uma liderança importante do Manchester United e está sendo um dos principais jogadores desde que foi contratado do Real Madrid. Mas este não foi o seu melhor jogo. Até porque foi curto. O volante brasileiro falhou no lance do gol do Brentford, aos 26 minutos.
Bryan Mbeumo o pressionou na saída de bola, conseguiu recuperar e deixou com Yoane Wissa, que arrancou pela meia esquerda e entrou na área. Tentou o passe para o outro lado e contou com outro equívoco, de Victor Lindelöf, que não conseguiu afastar. Mathias Jensen bateu de primeira, por baixo, sem tanta força, e André Onana também não brilhou na jogada.
O festival de erros do Manchester United foi uma das poucas chances agudas do primeiro tempo. A única finalização certa do Brentford foi o gol de Jensen. A única do Manchester United foi uma batida fraca de Rashford por baixo, sem problemas para o goleiro Thomas Strakosha. Os visitantes ainda levaram um pouco de perigo com batidas de Aaron Hickey e Mbeumo de fora da área. Mas não muito também. E Erik ten Hag voltou do intervalo com Christian Eriksen no lugar de Casemiro.
McTominay, o herói
O Manchester United pressionou no segundo tempo. Teve mais posse de bola, mais finalizações, mas não criou chances tão claras, geralmente arriscando de média distância. Não houve uma melhora visível de rendimento. Diogo Dalot levou perigo batendo de primeira, após um lindo lançamento de Bruno Fernandes ajeitado por Mason Mount, e Rasmus Hojlund girou para bater no lado de fora da rede. Fernandes fez Strakosha trabalhar, e Garnacho recebeu de Amrabat antes de mandar por cima do travessão. Pouco mais do que isso foi produzido na primeira meia hora do período.
E André Onana, em um começo bastante irregular de carreira em Old Trafford, se redimiu do lance do gol com duas defesas essenciais aos 38 minutos. Primeiro, espalmou a batida de fora da área de Neal Maupay por cima do travessão. Na cobrança do escanteio, Christian Norgaard desviou de cabeça, e o camaronês novamente desviou com a ponta dos dedos. O United chegou a colocar a bola nas redes antes do início dos acréscimos, mas o gol foi anulado por impedimento de Martial.
O momento determinante acabou sendo a entrada de McTominay no lugar de Amrabat aos 42 minutos. Garnacho fez ótima jogada pela ponta esquerda, em meio à pressão do United, e cruzou para trás. Dalot bateu de canhota, e Strakosha rebateu. A defesa do Brentford, porém, não conseguiu afastar direito. McTominay dominou dentro da área e bateu por baixo para empatar.
A virada saiu em uma clássica jogada de abafa e desespero nos minutos finais. Uma bola lançada à área de muito longe encontrou a cabeça de Harry Maguire, que ajeitou para McTominay testar de primeira e levar Old Trafford à loucura. E ao alívio. O United chegou aos 12 pontos, no meio da tabela. O Brentford, por enquanto, tem apenas sete.
Por Bruno Bonsanti, Trivela