Fluminense x Inter e Boca x Palmeiras: quais são as principais armas dos semifinalistas da Libertadores?

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Cano, Valencia, Cavani e Rony Montagem ESPN/Getty Images

Quase um mês depois da disputa das quartas de final, finalmente chegou a hora das semifinais da CONMEBOL Libertadores. Os quatro melhores times do torneio, com Internacional e Fluminense de um lado, além de Palmeiras e Boca Juniors do outro, duelam em busca da “glória eterna”.

E quem é o melhor? Quais os favoritos para jogarem a final no dia 4 de novembro, no Maracanã? Confira as armas e o que esperar dos confrontos desta semana:

Fluminense:

Como definir o Fluminense de Diniz? Ambição? Talvez. Ousadia? Sim. Mas Libertadores é a palavra que melhor resume esse time. Uma equipe que não se prende a padrões e se permite ser livre para buscar soluções, reinventar, surpreender. Buscar o futebol bonito e a diversão para quem está jogando e também para quem está assistindo. Dentro disso, há sempre uma organização.

Diniz vem usando o esquema 4-2-3-1. Não só na Libertadores, como também em outras competições. Mas a partir dos jogos contra o Olímpia, colocou John Kennedy junto a Cano no ataque. A formação básica é então um 4-4-2, mas vai se redesenhando de acordo com a intuição dos jogadores em campo. Como o meia-direita Arias, que aparece também pela esquerda. É possível ver o lateral-direito Samuel Xavier pelo meio, fazendo gols decisivos. E o volante André pode virar quarto zagueiro, sem deixar de organizar o time no meio de campo. O maestro Paulo Henrique Ganso serve de apoio para tabelas e triangulações em vários lugares do campo. As de maior sucesso pelo lado direito, quase sempre com Samuel Xavier e Arias se movimentando para confundir a defesa adversária. Quem se movimenta um pouco menos é o artilheiro da Libertadores, com 9 gols, Cano. Seu habitat é a área. Até o veterano Fábio se libertou, agora joga também com os pés.

O Fluminense gosta das trocas de passe. Tem altas médias de posse de bola. Mas hoje já não tem mais vergonha de baixar as linhas de marcação quando o adversário se impõe, e mostrou que também sabe contra-atacar e assim resolver os jogos, fazendo a torcida sonhar de novo.

Internacional:

Renê, o lateral-esquerdo, é fundamental para o Inter na Libertadores. Pouca gente olha para ele com a devida atenção. Mas é quem mais pega na bola no time. Participa o tempo todo na defesa, ou no ataque. E os números comprovam: é um líder não só na experiência, mas também nas estatísticas.

No sistema de Coudet, Renê costuma fazer o papel de um terceiro-zagueiro construtor, o que dá liberdade ao outro lateral, Bustos, de se projetar ao ataque para receber lançamentos. Quando o time baixa as linhas de marcação, ocupa o espaço natural do lateral-esquerdo. Mas por quê a bola passa tanto por Renê? Porque é quem mais desarma os adversários. Porto seguro, também é o alvo mais procurado pelos passes dos colegas. Um pilar para o sistema defensivo e também para construção de várias jogadas importantes que levaram o time a gols decisivos nesta campanha.

Claro que outros jogadores aparecem mais. Rochet tem feito defesas decisivas. Alan Patrick tem passes que abrem caminhos para gols. Enner Valencia resolve lá na frente. Quando ouvir falar deste Inter, lembre dessas estrelas, mas não esqueça que o operário Renê está sempre por ali, fazendo o time jogar. E quando precisar de alguém confiável nas horas mais difíceis, ele tem a tranquilidade de quem já viu de tudo no futebol.

Boca Juniors:

A defesa trouxe esse Boca Juniors até esta semifinal. Não é fácil fazer gol no Boca, é o time menos vazado, e está em primeiro ou segundo em vários índices defensivos desta Libertadores. O técnico Jorge Almirón, vice-campeão em 2017 com o Lanús, tem jogado diferente daquela época. Normalmente usa uma linha de cinco defensores, muitas vezes protegida por quatro homens no meio-campo, deixando Cavani sozinho na frente. Uma variação usada recentemente coloca mais um atacante e deixa apenas três no meio, uma opção bem possível para o jogo da Bombonera.

Enquanto sofre pouco atrás, o Boca marca poucos gols. Fez 10 a menos que o Palmeiras nesta campanha. Mas não se engane: eles têm suas armas. Cavani, que veio para a reta final de ano, é a mais famosa e tem ajudado a equipe como pivô. Porque a principal característica ofensiva deste Boca é a transição em velocidade.

Quando precisa construir a partir da associação e troca de passes, normalmente isso acontece pela esquerda. Mas atenção: muitas destas jogadas terminam do outro lado. Não é à toa que o lateral e, às vezes ponta, Advíncula, é o artilheiro do time na competição e que seu reserva, Weigandt, também já balançou as redes. Advíncula também é importante na transição em velocidade. Contra o Nacional, do Uruguai, o Boca mostrou como explora os espaços cedidos pelos adversários nesta situação. É um time muito vertical.

Embora tenha muitos veteranos, algumas das vezes a prata da casa é decisiva. Três jovens merecem atenção especial: o meia Medina, que chega de trás e finaliza bem. E os habilidosos Valentín Barco e Exequiel Zeballos, que podem desmontar a marcação com dribles desconcertantes. Uma coisa o velho Boca não perdeu: a malandragem de saber usar as armas que tem quando não consegue se impor tecnicamente. Passou nas oitavas e nas quartas de final através de disputas de pênaltis, quando brilhou o goleiro Romero, vice-campeão do mundo em 2014 com a seleção argentina. Apesar do time não encantar, o Boca tem uma camisa que ainda pesa bastante dentro da América do Sul.

Palmeiras:

O Palmeiras é eficiente. Tem a melhor campanha desta Libertadores. Se a competição contasse com pontos corridos, ele seria o líder isolado, com 21 pontos. São sete vitórias, dois empates e apenas uma derrota, com os reservas, na partida de estreia, contra o Bolívar. Uma equipe que não precisa de muita posse de bola para ter maior número de finalizações, grandes chances e gols marcados nessa Libertadores.

Abel Ferreira moldou uma forma de jogar ao longo dos últimos anos, e fez os jogadores entenderem seus conceitos. A execução deste projeto de futebol beira a perfeição. Não há muito mistério na formação da equipe. Inicialmente é um 4-2-3-1. Aqui já com Mayke ocupando o lado direito, e Artur no lugar de Dudu, pela esquerda. A opção adotada pelo treinador desde a lesão do camisa 7. Mas quando precisa pressionar o adversário, um dos laterais, normalmente Marcos Rocha, se planta ao lado dos zagueiros, formando uma linha de três, e Gabriel Menino se junta a outros quatro jogadores por trás do centroavante Rony, fazendo uma espécie de 3-1-5-1.

É um time que chega com muitos jogadores na área de finalização e por isso muitos gols saem de rebotes. Atacantes, zagueiros, meio-campistas e laterais têm balançado as redes. Dentro desta dinâmica, já vimos muitas vezes Rocha subindo ao ataque, como no golaço contra o Deportivo Pereira. Uma troca de passes sustentada por Mayke e Veiga permite a tabela com o pivô Rony, que deixa Marcos Rocha na cara do gol. Este é um exemplo do repertório ofensivo do Palmeiras, muito marcado pelas jogadas aéreas, tanto com bola rolando como nos escanteios, em que sempre se busca a referência de Gustavo Gómez na área.

Rony evoluiu como pivô e passou a liderar as assistências da equipe na Libertadores, seguido por Raphael Veiga. Mas o artilheiro do time na competição é o novato Artur, que chegou este ano, e costuma atacar a área com bom posicionamento para aproveitar o foco da defesa em outros atletas.

Um time intenso, objetivo e forte, que chegou a cinco das últimas seis semifinais, ganhou dois títulos e se tornou o mais forte da competição, condição que um dia já foi do Boca, uma pedra em seu sapato. É hora de provar em campo que o jogo virou.

Próximos jogos do Fluminense:

Próximos jogos do Internacional:

Próximos jogos do Boca Juniors:

Próximos jogos do Palmeiras:

Por Eugênio Leal – ESPN

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