O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, é “um companheiro altamente preparado”, mas ressaltou que ainda não está pensando em quem vai escolher para ocupar o cargo de presidente do Banco Central, no lugar de Roberto Campos Neto. Em entrevista ao portal UOL, nesta quarta-feira, 26, Lula mencionou a reunião que teve na terça-feira com Galípolo, no Palácio do Planalto, na qual acordaram por um novo sistema de metas da inflação.
“O Galípolo veio aqui numa reunião em que a gente estava discutindo a meta inflacionária. A novidade foi estabelecer a meta contínua”, disse o presidente da República.
Na sequência, Lula citou Galípolo como “companheiro preparado”. “O Galípolo é um companheiro altamente preparado, conhece muito o sistema financeiro, mas eu ainda não estou pensando na questão do Banco Central. Vai chegar o momento que vou pensar e vou indicar um nome para que seja presidente do Banco Central.”
Na ocasião, Lula voltou a criticar a autonomia do Banco Central, status concedido por uma lei aprovada no Congresso em 2021 e que pode ser ampliado por uma nova proposta sob análise dos parlamentares.
“Não preciso de uma lei para dizer que tem autonomia, eu preciso respeitar a função do Banco Central”, disse Lula. “A pergunta que faço é a seguinte: o Banco Central tem necessidade de manter a taxa de juros a 10,5% quando a inflação está a 4%?”, indagou.
Lula prosseguiu: “O Banco Central leva em conta que pessoas estão tendo dificuldade em fazer financiamento? Porque é o seguinte, cara, não é culpa sequer do Banco Central, é culpa da estrutura que foi criada”, questionou, em referência aos objetivos traçados para o Banco Central perseguir.
O presidente também afirmou que entidades como a Confederação Nacional da Indústria e a Fiesp “deveriam fazer passeata” contra a manutenção da taxa Selic no atual patamar.
Lula disse ainda que “a inflação é uma opção divina” e que quer cuidar de “controlar a inflação”. Além disso, afirmou que não deve indicar o presidente do Banco Central “ao mercado, mas para o Brasil”.
Sob mandato a ser encerrado neste ano, Campos Neto foi criticado por Lula na semana passada por manter a taxa de juros no atual nível.
Depois de sete quedas seguidas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central interrompeu, em decisão unânime, o ciclo de cortes da taxa básica de juros, iniciado em agosto do ano passado, e manteve a Selic em 10,50% ao ano. O resultado, divulgado em 19 de junho, era amplamente esperado pelo mercado, em meio ao impasse do governo na condução da política fiscal e ao aumento das expectativas de inflação.
Mais do que o resultado, a grande expectativa dos agentes econômicos era sobre o placar da decisão, sobretudo após Lula ter retomado a ofensiva contra o BC e Campos Neto. A votação unânime agrada o mercado, depois da forte divisão da reunião de maio.
Por Estadão Conteúdo