A musicoterapia, prática que utiliza a música como ferramenta terapêutica, tem se mostrado cada vez mais relevante no tratamento de condições neurológicas, especialmente em idosos. Seus benefícios vão além do impacto emocional, promovendo bem-estar físico e mental por meio da ativação de diversas áreas do cérebro.
A professora do curso de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itacoatiara, Andriele Nogueira, destaca que a musicoterapia apresenta eficácia no tratamento de distúrbios neuropsiquiátricos, frequentemente presentes em pacientes idosos, como na demência de Alzheimer, e promover benefícios tanto para a saúde mental quanto física.
Para exemplificar a importância da abordagem musical com o público da terceira idade, estudantes da Afya Itacoatiara realizaram uma ação na Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade (FUnATI), do município, levando aos idosos da instituição uma oportunidade de vivenciar a musicoterapia de forma prática. Participaram da ação os estudantes Maria de Lourdes Andrade de Oliveira Neta, Itamar Cézar França Gadelha de Albuquerque, Juscelio Silva Oliveira, Marcos Paulo Rattes Silva e Vinícius Santos Rosa.
“Foi emocionante ver como eles reagiram ao som da música. Muitos começaram a cantar junto, outros se emocionaram, e alguns até compartilharam memórias que pareciam esquecidas. A música conseguiu criar um ambiente de acolhimento e conexão”, relatou Andriele Nogueira.
Estímulo terapêutico
A musicoterapia oferece uma abordagem não invasiva e altamente eficaz no cuidado de idosos, principalmente para aqueles com doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, explica a professora da Afya. “Através da música, conseguimos não só estimular a memória, mas também melhorar a comunicação não verbal e reduzir sintomas como ansiedade e depressão”, pontuou.
Estudos recentes confirmam que a música ativa diversas áreas do cérebro, promovendo uma resposta emocional positiva e melhorando a qualidade de vida. “A memória musical é uma das últimas a ser afetada em pacientes com demência, sugerindo que sua codificação ocorre de forma independente de outras memórias. Isso abre novas perspectivas para tratamentos que utilizam a música para resgatar lembranças e promover o bem-estar dos idosos”, complementa a educadora.
Em pacientes com distúrbios neurológicos, a música pode agir como um estímulo poderoso, auxiliando no controle de sinais vitais e até mesmo aliviando os sintomas do delírio, destaca a professora. “Além disso, músicas significativas para os idosos, como as que marcaram suas vidas, podem ser ainda mais eficazes, pois ativam lembranças e proporcionam momentos de felicidade, aliviando o estresse e melhorando a interação social”, afirmou.
Os benefícios da musicoterapia não se limitam apenas à saúde emocional. De acordo com a professora da Afya, pesquisas mostram que a prática pode ajudar a regular os parâmetros fisiológicos, como a frequência cardíaca e a pressão arterial, em pacientes com condições neurológicas. Em casos como a epilepsia, doenças neurodegenerativas crônicas e até em traumatismo cranioencefálico, a musicoterapia tem sido recomendada como tratamento complementar.